quinta-feira, 19 de junho de 2014

Centro de Exposições com casa cheia debate "Coaching"

 
O Auditório do Centro de Exposições de Odivelas, encheu-se, dia 6 de junho, para ouvir falar de como o Coaching pode melhorar a vida das pessoas. Um Workshop com a participação de muitos jovens, ministrado e orientado pelos formadores Pedro Abranja e Nuno Abranja, e que contou com a presença do Vereador, Edgar Valles. Sob o mote «E se de repente… conseguisse ‘Sacudir’ a vida que há em si?», este encontro debateu, entre outros temas, a Liderança, a Auto Motivação, a Gestão do Tempo, a Definição de Objetivos. Coaching é um processo em que o Coach (motivador) apoia o cliente na busca de realizar o objetivo, ajudando a traçar as diversas metas que somadas levam o coachee (motivado) ao encontro dos objetivos desejados pelo cliente.

Fotos:
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O trabalho de Motivação para Atletas Profissionais deverá ser igual para Atletas Amadores?
Há algum estudo que incida sobre como se deve trabalhar a motivação no Futebol amador?
Que estilos de Liderança serão os preferidos dos jogadores profissionais? E dos jogadores amadores?

Algumas questões que gostaria que todos os que gostam de desporto, concretamente Futebol e que fazem do treino uma sua ocupação se pronunciassem.
A derrota pesada deste jogo traz, obrigatoriamente, algumas questões:

1ª A planificação para esta fase de preparação ter sido em zonas de clima menos agressivas no que diz respeito à temperatura e humidade foi uma boa ideia? Baseada em que aspetos?
2ª Qual a pertinência de colocar 4 jogadores na equipa que fizeram a fase preparatória de forma condicionada, sabendo que o jogo era às 13 horas com ...temperatura e humidades elevadas? Será que dariam uma boa resposta? A equipa não se ressentiria disso?
3ª A seguir à expulsão de Pepe (espero que o jogador e a equipa tirem as devidas elações) a melhor solução foi Raul Meireles a central? Porque não mexeu colocando um central para "arrumar" a casa até ao intervalo?

Curiosidade minha...

De todos os treinadores que a equipa tem (penso que cinco) qual tem a função de trabalhar a parte comportamental/mental da equipa? Quem trabalha ao nível dos objetivos coletivos e a articulação destes com os objetivos individuais dos jogadores? Quem trabalha para desenvolver a motivação intrínseca de cada jogador? Quem trabalha para desenvolver a autoconfiança dos jogadores? Será que basta um discurso do Mister V"?
Pois é... ainda pensamos que num jogo de futebol, o importante é um bom processo de treino, saber "ler" o jogo, definir uma boa organização coletiva... Quando é que os "Misters" principais colocam nas suas equipas treinadores para a parte mental?
Porque antes de treinarmos o Jogador, temos que treinar o Homem...

Contudo, continua tudo em aberto, espero e acredito que a equipa, mais que ficarem presos à dureza desta derrota copiosa, a "chorarem" as lesões, a arbitragem, a má sorte e a incompetência própria... percebam que tem que fazer uma rápida auto análise e se foquem no que, realmente, interessa que é a preparação do próximo jogo.
Gestão de Equipas

Hoje em dia está muito em voga o conceito de proximidade entre Líder e liderado, seja no contexto empresarial, seja no contexto Desportivo, por exemplo.
Existe uma corrente de opiniões que considera que o Líder deve "ser amigo" de quem lidera. Considero que, "ser amigo" não me parece que seja a expressão mais feliz para caracterizar uma relação de interesses mútuos entre o Líder... e o individuo que é liderado.
Eu, acredito que uma boa relação entre um Líder e um liderado é uma mais-valia na obtenção de resultados. Mas em minha opinião, a Amizade que se estabelece entre os dois deve ser uma consequência natural da forma de liderança escolhida e exercida pelo Líder e não o meio em que se suporta a Liderança...
A Visão e o Alinhamento do Líder com os seus colaboradores são, para mim, fatores mais preponderantes para a obtenção do sucesso.
Mudança de Paradigma nos Treinadores Atuais?

Vem isto a propósito do êxito de Diego Simeone e do seu Atlético de Madrid com a passagens às meias finais da Champions League. Diego Simeone arrisca-se a ser um "marco" na viragem de Paradigma no que ao jogo de futebol diz respeito. Nos últimos anos tem-se assistido a um domínio das equipas que fazem da posse da bola a sua maior arma. Muitos elogiaram... o Barça, dos últimos anos como a melhor equipa da história. Contudo, como se pode avaliar a melhor equipa da historia? Através dos resultados? Da parte estética do jogo? Por ter os jogadores tecnicamente mais evoluídos? Pelo Modelo de jogo construído? Reconheço mérito e beleza ao Modelo de jogo do Barça (com origem Holandesa, mesmo o tão famoso "Tike-taka" de Guardiola é inspirado nesta escola). Superiorizou-se a fortes adversários deixando a sua marca. Contudo, em minha opinião, faltava um ingrediente que é fundamental, a Emoção. O que Diego Simeone ( e também Jurgen Klopp) nos trazem é um Modelo de Jogo que incide na agressividade perante a bola, sendo exercida pressão ao adversário. Esta pode ser alta (logo na saída de jogo na 1ª fase de construção do adversário ou com linhas mais recuadas "esperando" pelo adversário no seu meio-campo para recuperar a bola e contra atacar com alta intensidade, mas sempre com critério. Pode-se gostar mais de um Modelo ou mais de outro mas o que não se pode negar é o contributo destes treinadores para um futebol mais próximo das "massas" mais emotivo, mais "vertiginoso".
Motivação

 Há uns dias, um jovem treinador de futebol com quem colaboro, enquanto Coach Desportivo, dizia-me que estava a começar a ter dificuldades em manter os seus jogadores motivados e que isso o estava a deixa-lo, também, desmotivado.
"Respondi-lhe" com duas questões:
Como é que alguém desmotivado consegue motivar outros?
E se ele imaginasse que fosse o treinador mais motivado do mundo o que diria aos seus jogadores?
Pois é... por vezes somos nós a causa mas também podemos ser a solução...
Treinador: Características importantes para se ser um bom Líder
 
Na problemática da Liderança não há receitas milagrosas. Não há Homens iguais, assim como, não há Líderes iguais. No desenvolvimento das competências de liderança num Treinador devemos, em primeiro lugar, perceber qual o seu perfil humano. As características pessoais têm um papel fundamental no estilo de liderança que se pode adoptar... para a sua equipa.
Provavelmente, seria estranho ver Del Bosque a usar um estilo de liderança mais agressivo, mais de “mind games” como Mourinho e ver este com uma liderança baseada na tranquilidade e até alguma pasmaceira, como é exemplo o discurso de Del Bosque. Diferentes mas ambos têm tido sucesso na sua carreira.
Em minha opinião, isto significa que não há uma referência enquanto Líder. O que realmente importa é o perfil humano e os valores de cada treinador para que se possa desenvolver competências de Liderança ajustadas a personalidade de cada um.
Contudo, todos os treinadores, independentemente, do seu perfil pessoal, deverão ter em atenção algumas características, como estas que aqui exponho:
Comunicação: Comunicar implica falar e escutar. É a arte de expor as ideia e receber o feedback apropriado;

Inteligência Emocional: Ter conhecimento das suas emoções e saber controla-las conforme o contexto;

Autoconfiança: Transmitir segurança e confiança em detrimento de medo e dúvidas;

Honestidade: Franqueza na abordagem. Sempre a verdade;

Ambição: Saber o que se quer, como alcança-lo e como levar a sua equipa com ele;

Empatia: Um Líder empático é aquele que conhece o que vai na "cabeça" dos seus jogadores e sabe como tirar proveito desse conhecimento;

Organizado: O planeamento estratégico permite estar mais perto do sucesso;

Delegar: delegar tarefas na sua equipa permite a todos os intervenientes estarem motivados e comprometidos com os objetivos da equipa;

Gestão de conflitos: Intervir ajustadamente e no tempo certo. Defendo que deve ser resolvido em grupo.

Estas são algumas características que me parecem relevantes. Para as desenvolver existem estratégias que o permitem. É só perguntar a um Coach perto de si…lol.
Jogo de Emoções

A final da Champions teve o condão especial de nos espicaçar as emoções. O Atlético esteve a pouco mais de 2 minutos de fazer história. E que história!
Nos 90m o Atlético foi, em minha opinião, a equipa mais próxima de ganhar o jogo. O facto de não ter tanta pressão como o Real fez com que a equipa colocasse em campo os seus princípios de jogo de um Modelo baseado numa boa e agre...ssiva organização defensiva com zonas de pressão que variaram entre a 1ª zona de construção do Real e "baixar" as suas linhas pressionando, apenas, dentro do seu meio-campo para ter espaço para contra-atacar.
O Real foi uma equipa que teve dentro de um "colete de forças" com alguns dos seus jogadores em fraco rendimento, ao que parece, por condicionamentos físicos. Embora mais pressionante e intenso na 2ª parte, a verdade é que o Real não dava mostras de conseguir empatar o jogo, a não ser por alguma ação individual dos seus jogadores. O empate aconteceu e no prolongamento o Real foi mais forte e acabou por justificar a vitória.
Da análise que faço, surgem-me algumas considerações:
O Real com 3 jogadores a 50% arriscou perder o jogo;
Diego Costa a 30% é melhor que Andrian a 100%?
Neste aspeto houve de ambos os lados a necessidade de ter os "nomes" mais fortes em campo.
Outra questão para refletir: Este Atlético vale mais pelo seu Modelo de jogo, pelas suas estratégias tacticas/técnicas ou pela sua Atitude Comportamental? É porque ainda há quem pense que saber de Futebol é só perceber como se trabalha no campo sendo a questão comportamental apenas acessória. É notório que no Atlético o seu Modelo de jogo contempla de forma igualitária todas estas vertentes. Considero que foram as competências mentais e, a forma como estas foram trabalhadas, o fator que levou o Atlético ao Sucesso desta época (mesmo perdendo esta final a época do Atlético é de sucesso...).
No Real, sendo um coletivo menos "trabalhado" é um coletivo com jogadores de maior qualidade individual que podem resolver um jogo numa ação de jogo (como aconteceu no 2º golo, por exemplo) mas também eles suportados por uma atitude comportamental forte que resultou numa crença que é trabalhada e não surge por acaso ou porque o treinador falou com os jogadores ao intervalo (como dizia o comentador...). Estas competências são trabalhadas regularmente nos clubes de top de forma séria e não só quando há jogos mais importantes. Porque Liderança, Motivação e Compromisso é tão (por vezes mais...) importante que fatores de ordem técnico, tático, físico...
Por fim, deixar umas palavras para quem comenta o jogo. Acredito que não deve ser muito fácil estar em direto e dizer, sempre, coisas acertadas. Mas dizer, sempre, o óbvio com tanta ligeireza, não só não ajuda quem pouco sabe do jogo como "enerva" quem tenta vê-lo com "olhos" de treinador.
Hoje tive a oportunidade de fazer uma exposição sobre a temática do Coaching Desportivo a alunos universitários da Área de Desporto.
Sinto-me bem por saber que conseguimos estimular nos outros a curiosidade necessária que os leve a superar os seus conhecimentos. Gratificante perceber que os alunos de hoje que serão treinadores de "amanhã" tem as competências mentais como prioridade na sua formação.
Há pouco um amigo contava-me que um certo colega treinador iria para um determinado clube. Na opinião dele, de forma injustificada, porque não tinha qualquer curriculum nem a experiencia para o desafio e que só iria por conhecimentos...
Por questão de principio, não avalio as decisões de outros. Não sei se estarão certas ou erradas. Acredito que quem as tome trace critérios para contratar um trein...ador.
Ao pensar nisto, foi inevitável pensar no meu caso pessoal. Sou treinador há 16 anos, tenho o III Nível com uma das notas nacionais mais altas, passei pela formação dos dois "grandes" clubes de Lisboa, treinei camadas jovens e fui coordenador. Treinei nas antigas 2ª divisão B, 3ª divisão Nacional, Pró-nacional e antiga Divisão de Honra de Lisboa (quando era a divisão mais alta da A.F.L.). Tive projetos vencedores (conquistei títulos e subi de divisão duas vezes) e outros falhados (embora não tenha descido de divisão). A vencer mas também quando perdia, fez-me crescer e acredito que me tornei melhor treinador. Tive a oportunidade de ser profissional por duas vezes: Uma recusei por motivos pessoais e outra por desacordo entre as partes.
Vejo-me agora numa "dupla" função: Continuo a ser Treinador de Futebol mas também Coach Desportivo ( ajudo outros treinadores a melhorem em competências como a Liderança, motivação, etc...) mas a paixão pelo jogo e pelo treino continua intacta desde o primeiro dia em que dirigi uma equipa. Embora, acreditando que somos nós que escolhemos o nosso caminho, numa coisa, este meu amigo tem razão, é que as competências "sociais", ou seja, a "socialização" junto de alguns dirigentes, empresários e outros agentes, é, infelizmente, uma competência tão ou mais válida que as competências relacionadas com os conhecimentos e perfil para a função de treinador. Por mim, o meu maior veiculo de promoção, enquanto treinador, tem sido os meus jogadores. E isso, dá-me prazer.