sábado, 13 de abril de 2013

Paços de Ferreira
 
Anatomia de uma Filosofia de Jogo
 
Tive o prazer de acompanhar o trabalho semanal da equipa do Paços de Ferreira antes do jogo com o Gil Vicente. Este escrito, no fundo, resume essa semana de observação e de sentimentos.
O processo criativo e de operacionalização do Modelo de jogo deste Paços parte das experiências e da irreverência do Paulo Fonseca e do Nuno Campos, aos quais se juntou o Pedro Moreira.
Esta equipa técnica respira futebol e é notória a paixão que sentem pelo jogo e pela sua discussão. Este factor, paixão, é o motor adequado para criar algo de relevante importância, como é o caso deste jogar.
Na minha opinião, é evidente neste Paços, que a matriz enraizada de anos anteriores não faz muito sentido. Esta equipa está concebida para ser pré-activa e não pós-reactiva. Quero com isto dizer que o Paços, deste ano, é uma equipa que assume o jogo, independentemente do adversário. 
A sua organização defensiva consiste num jogo de pressão e de coberturas muito bem definidas, com relevo para a subida do Vitor para junto do Cicero, condicionando a construção curta do adversário, com o duplo pivot a meio-campo composto por dois médios centro que sabem intrepretar o que o jogo pede, ora temporizando, ora pressionando mas nunca perdendo o equilibrio. A última linha defensiva é composta pelos laterais e pelos centrais e que nunca se desmorona.
A organização ofensiva consiste num jogo de posse e de apoio constante. Geralmente, as saídas mais usadas referem-se à largura e ligeira profundidade dada pelos laterais para que os centrais possam receber a bola na "fronteira" entre corredores. Após este momento é previgiliado o corredor central para ligação ao meio-campo. O meio-campo apresenta, geralmente, duas linhas: uma com André Leão e Luís Carlos e a segunda com Vitor e Josué que vem da esquerda para dentro. Por este motivo os laterais são responsáveis por dar largura ao jogo pacense. O jogo interior de Hurtado ou Manuel José, permite a subida de Diogo Figueiras para que este se enquadre na possibilidade de criar situações de finalização, atraves de cruzamentos. As diagonais (Hurtado fortissimo) é uma acção que contrasta com as caracteristicas do médio ala do corredor contrário (Josué) mas que dá ao paços mais uma variável de acções ofensivas. O posicionamento do Vitor e do Josué "entre-linhas" tem sido uma das chaves para o sucesso da equipa. Nesta zona do terreno, estão sempre a "mostrar-se" ao jogo recebendo a bola em passe vertical e ficando em posição de criar acções para finalizar ou mesmo finaliza-las. Na frente Cicero, colocado em corredor do lado da bola quando esta está na zona defensiva e colocado no corredor oposto quando a bola esta em zona intermédia, dá à equipa poder de choque embora menos produtivo no apoio frontal.
Contudo esta forma de jogar tem sucesso devido a um factor fundamental. A Intensidade. Treinam com Intensidade alta e colocam em campo isso mesmo.
Concluindo, vi uma equipa com processos completamente adquiridos, com uma intensidade de treino de registar e com um Controlo Emocional fortissimo (basta relembrar o jogo em Braga).
Tudo o que esta equipa tem feito e ainda irá fazer deverá ser objecto de estudo. Esta mudança de paradigma e de conceitos tem uma base fortissima de acreditar na sua Filosofia, Estão de Parabéns o Paulo, o Nuno e o Pedro.