sábado, 1 de junho de 2013

Época Desportiva


A época desportiva, no que concerne ao Futebol, está quase no seu término. Sem querer ser precipitado avanço com um balanço no que considero ter sido o mais relevante durante estes 10 meses de Futebol. Assim, sabendo que não serei original na forma mas sim no conteúdo recorro ao alfabeto e de A a Z direi de minha justiça.

A – Aimar: o fim à vista?

B – Benfica: A Equipa está a realizar uma época muito boa mas está “presa” pelo detalhe de Vencer ou ficar apenas pelo quase…

C – Casos de arbitragem: À boa maneira portuguesa continuou-se a falar muito de arbitragens e quase sempre mal…

D – Desentendimento: entre a F.P.F. e a Liga. Não está na hora de unir esforços em prol do Futebol?

E – Estrageiros: Muitos jogadores doutras paragens. Os com qualidade são bem vindos mas outros há que são inferiores a muitos jovens da formação.

F – Futuro: Paulo Fonseca, Marco Silva, Nuno Espirito Santo são bons exemplos da nova vaga de treinadores que está a surgir. Dois deles vêm de escalões secundários onde há outros com qualidade à espera de oportunidades…

G – Guimarães e o sucesso do recurso à equipa B. Presença na Final da taça de Portugal

H – Herói improvável: Kelvin. Pouco jogou mas quando o fez foi decisivo. O campeonato pode ter sido decidido pelo seu pé esquerdo…

I – Imagem de Jesus a cair de joelhos. Será a imagem do ano.

J – Jackson Martinez: Avançado de enormíssima qualidade

L – Lima: Excelente aquisição do Benfica e um jogador que tem sido importantíssimo na época dos encarnados.

M – Matic: juntamente com Jackson Martinez, os melhores do campeonato

N – Não! Não aos estádios vazios. Urge medidas para reverter esta situação.

O – Oportunidade: palavra repetida pelo Paulo Fonseca para substituir a palavra Pressão

P – Paulo Fonseca/Paços de Ferreira: Desafiaram a história e foram recompensados.

Q – Quim: Regresso de um histórico ao onze arsenalista.

R – Rui Patrício: Se não fosse ele o estrago poderia ser ainda maior…

S – Sporting Clube de Portugal: Fraco. Esperar pela retoma em força.

T – Taça da Liga: Continua a fazer sentido?

U – Urreta: Para quando a “explosão”?

V – Vítor Pereira: o mal-amado que está perto de ser Bicampeão…

X – XIU… aos programas de televisão onde se perde tempo a falar “pretensamente” sobre futebol

Z – Zé… O Zé Povinho que mesmo querendo ir “à bola” com os preços que se continuam a praticar nos estádios é quase impossível…

Outros protagonistas poderiam aqui figurar mas optei por estes em consciência.

Esperar que a época desportiva acabe com emoção que só o Futebol consegue proporcionar!

Objetivos diferentes entre Jorge Jesus e os Jogadores


Já ninguém se recorda das inconstantes exibições de anos anteriores em que o clube chegava, quase sempre atrás do F.C. do Porto e na Europa a sua prestação era pouco mais de sofrível.

Quatro anos à frente dos destinos da equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica, o técnico Jorge Jesus revolucionou o futebol do clube. Podemos dizer que o investimento nestes quatro anos foi muito superior aos existentes em anos anteriores e por conseguinte, a qualidade dos jogadores aumentou consideravelmente. A verdade é que nestes quatro anos os adeptos do futebol assistiram a um jogo de qualidade. O seu Modelo assentava na verticalidade do jogo, com transições rápidas, pressão alta, sempre com muita intensidade em todos os momentos do jogo.

Para o adepto em geral, e os do Benfica em particular, ver um futebol ofensivo com jogadores de qualidade é sempre motivo de apreço e de elogio.

Então o que falha para em quatro anos só existir uma conquista do campeonato?

Como explicar os fracassos em termos de resultados? A sensação que se tem é de uma equipa forte na 1ª fase da época, fortíssima no meio da mesma e depois fraca no seu término.

Um treinador como Jorge Jesus sabe que o Futebol hoje em dia já não vive de ciclos de época. Que o importante é elevar os níveis da equipa e depois mante-los até ao fim. Sendo assim que explicação para os consecutivos insucessos nos finais de época?

A opinião dos adeptos do futebol centra-se no na gestão mal elaborada por parte do treinador e por esse motivo existir uma sobrecarga aos mesmos jogadores. Será apenas a fadiga o motivo?

Se analisarmos as exibições neste final de época para o campeonato, nos jogos com o Sporting, Marítimo, Estoril e Porto vemos um Benfica pouco audaz, de contenção e com intensidades mais baixas que o normal. Contudo, a mesma equipa, os mesmos jogadores nos últimos dois jogos da Liga Europa que coincidiram no tempo com os outros atrás referidos para o campeonato, deixaram uma imagem de entrega, de clareza tática, de frescura física e de intensidades altas.

O treinador sempre se referiu ao campeonato como o grande objetivo atingir. Será que o Principal OBJETIVO do treinador era o mesmo OBJETIVO dos jogadores?

Pelas exibições efetuadas nestes jogos referidos, diríamos que não.

Sendo assim, cai um pouco por terra a ideia de fadiga. Em minha opinião trata-se, sobretudo, de uma falha ao nível de comunicação, de definição clara e da Hierarquização dos Objetivos para a época.

Modelo de Jogo 2


Em final de época e com vários balanços já realizados, pensei que seria pertinente falar de um tema que ando a cogitar há largos anos.

O que passa pela cabeça de um treinador quando é confrontado com um convite de um clube de um país ou região que desconhece?

Quais os factores a ter em conta na construção do seu modelo de jogo?

Será que condiciona os seus valores se adaptar o Modelo de jogo à cultura vigente da zona geográfica onde se situa o clube?

Foi com estes pensamentos que parti para a realização deste escrito, emitindo a minha opinião sobre um dos vários factores que implicam na construção do Modelo de Jogo.

Confesso que poderá ser um tema discutível com opiniões divergentes mas considero que a cultura de uma região tem ou pode ter influência sobre a construção de uma equipa de futebol.

Considero que na construção do Modelo de jogo há variáveis indissociáveis como as características de uma Região e do seu povo. O exemplo do F.C. do Porto começado nos anos 80 é disso exemplo. "Queremos Lisboa arder..." "Vamos ganhar aos Mouros..." são frases fortes que se impuseram como um grito de revolta contra o centralismo de Lisboa. Assim, criou-se a ideia que o Porto quando jogava representava toda a sua gente e todo o Norte contra o sul. Foi o princípio da sua emancipação. A frase "jogar à Porto" chegou a ser reconhecida como frase de campanha num clube rival... E o que era "jogar à Porto"? Ter uma equipa unida, com jogadores de qualidade técnica assinalável mas sobretudo com jogadores de qualidade humana superior e que entendiam que estavam a lutar, não apenas pelo clube, mas por uma região.

De certa forma foi o que aconteceu com a Barcelona. A frase "Barcelona, mais que um clube..." sintetiza a filosofia do clube. Quando joga, joga toda a Catalunha.

Assim, poderá dizer-se que as regiões mais periféricas, pelo facto de serem, geralmente, berço da Industria e, por conseguinte, terem mais operariado, influenciam os clubes?


Outros exemplos: Escócia. Alguém sabe o nome do clube da capital, Edimburgo?


E em Inglaterra, quem ganhou mais vezes? Clubes da Capital, como o Arsenal e Chelsea ou clubes de cidades mais industrializadas, como Manchester e Liverpool?
Concluo, afirmando que qualquer treinador que tenha que começar um trabalho sólido e que pretenda ter sucesso deve ter, obrigatoriamente, que considerar os aspectos sociais e culturais onde o clube está inserido.

A "Maldição" de Bélla Guttman


Nos últimos dias tem-se ouvido por diversas vezes falar da “Maldição de Bélla Guttmann”. Umas vezes correta outras nem tanto a imprensa usou e abusou deste “ fair- divers”.

Mas quem foi Bélla Guttman? Todos responderão que foi treinador do Benfica na conquista das Taças dos Campeões Europeus, como na altura era chamada. Mas este homem teve uma vida cheia de emoções.

Participou, enquanto jogador de futebol pela selecção Húngara, nos Jogos Olímpicos de Antuérpia em 1924 com apenas 19 anos.

Após este marco na sua vida, põe o futebol de parte e decide emigrar para os Estados Unidos onde se torna professor de Dança (outras das suas paixões). Com o sucesso que vai fazendo, investe na Bolsa e enriquece. Acaba por perder tudo no “Crash” da Bolsa Americana em 1928.

Após ter ficado na banca rota resolve voltar à Europa e ao futebol, tornando-se treinador. E é nesta função que se torna um dos nomes históricos do futebol europeu.

É campeão na Holanda, em Itália, no Uruguai, no Brasil e em Portugal, primeiro pelo Futebol Clube do Porto e depois pelo Benfica.

Hoje em dia, através de testemunhos dos seus jogadores à época, revelam que a personalidade de Bélla Guttman era de alguém carismático, motivador e com uma enorme vontade de ganhar.

No seu segundo ano no comando do Benfica acaba com a hegemonia espanhola (Real Madrid vencedor das cinco primeiras edições da taça dos clubes campeões europeus) defrontando e vencendo o Barcelona em Berna.

No ano seguinte, já com Eusébio, ganha o seu segundo troféu vencendo o Real Madrid num jogo épico por 5 a 3. É a sua confirmação como grande treinador ajudando a criar a imagem de um clube de grande potência nacional e temido além-fronteiras com um reconhecimento internacional que se mantém até hoje.

Com este sucesso alcançado, não seria de prever a sua saída do comando técnico do Benfica. Mas esta aconteceu. Ao que se conta, é nesta altura, com as emoções ao rubro pela sua saída que vaticina que sem ele o Benfica não conquistará mais títulos europeus. Mais tarde, esclarece que se referia a títulos de campeão europeu.

O que temos de perguntar é se a “Maldição de Bélla Guttman” faz sentido nos dias de hoje? Na minha modesta opinião, é claro que não!

 Se o Benfica, neste jogo com o Chelsea, tivesse sido um pouco mais competente na criação  de acções para finalizar e, igualmente, competente a finalizar as que teve, tendo em conta todo o volume de jogo ofensivo que a equipa foi capaz de construir, não seria um “desabafo” com cinquenta anos que impediria o Benfica de conquistar a Liga Europa.